terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Finalmente! Mais vale tarde do que nunca! Aqui está o meu "comentário".


                O texto sobre o qual nos foi pedido um comentário reflete, a meu ver, preocupações que são transversais a vários domínios da vida moderna e, como tal, não poderiam deixar de afetar indelevelmente a escola.

              Segundo sintetizam CUNHA, T. e FIGUEIREDO, M. (2012), no texto referenciado na bibliografia de suporte a esta tarefa, “ A evolução tecnológica acontece atualmente a um ritmo vertiginoso, o Homem acompanha esta evolução não como mero espetador mas como ator participante, o seu modo de pensar, de agir, de refletir vai seguindo esta evolução, criando um descompasso entre aqueles que acompanham a mudança e aqueles que já fazem parte dela naturalmente.” 
                Deste modo, dentro da escola, também se encontram os que acompanham a mudança e os que se acomodam por inação ou por receio, originando assim a existência de uma crise que já é visível no sistema de há algumas décadas: os professores têm um discurso e umas práticas que os alunos não entendem e estes têm apetências e gostam de coisas que os tornam indiferentes ao que os professores lhes pretendem transmitir. É o diálogo de surdos entre gerações que não conseguiram caminhar lado a lado, é o que a literatura refere como o fosso existente entre os nativos digitais (os que já nasceram na era da Web)  e os imigrantes digitais (os outros, do tempo da rádio, da TV,… nós que nascemos antes de 1990…).
                Que fazer, como fazer para que a escola não seja brevemente um sistema obsoleto, onde já nem para conviver os alunos quererão ir? Que papel caberá neste panorama àquilo que tem sido a conquista da Web 2.0 (ou futuramente da 3.0 ou 4.0) no quotidiano dos alunos e que pode ser pedagogicamente trabalhado, reaproveitado de modo a fazer dos seus utilizadores participantes ativos na construção do conhecimento?  É preocupação fundamental do texto sistematizar hipóteses, apontar caminhos, contrastar práticas antigas e mostrar as vantagens do que é novo.
                Conforme o texto em análise acrescenta, em vez de um repositório, a Web 2.0 é uma plataforma, que tem na base a participação dos seus utilizadores que lhe acrescentam um valor que cresce todos os dias e que fica integrado na estrutura da redes assim que outros utilizadores o descobrem e utilizam. É o que o autor chama cérebro global, metáfora interessante para um fenómeno que pode ter a sua origem não se sabe onde nem por quem é iniciado. Muito ao contrário do seu homónimo, o outro, o cérebro humano, máquina tão perfeita que só um “Deus”(?) poderia conceber.
                Ora a Biblioteca 2.0, irmã gémea da Web 2.0, não poderia deixar de colocar as mesmas questões tão fundamentais como as que se colocam com a existência da Web 2.0 no quotidiano da sociedade comum, acrescida da responsabilidade do papel que ocupa na vida da escola hoje.

Hoje, a BE é já o espaço de muitas das boas de aprendizagens que acontecem na escola. Mas o desafio é imenso. É de facto necessário um grande esforço, por vezes, de “desaprendizagem”, para  otimiza a BE  e tirar partido das características que a definem enquanto Biblioteca 2.0: ser centrada no utilizador, disponibilizar experiências multimédia, ser socialmente rica pelo tipo de experiências que proporciona e inovadora nas relações que estabelece com a comunidade. Alguns destes aspetos já não nos são estranhos, outros obrigarão a mudanças radicais de conceção das nossas práticas. E digo nossa, pois nelas incluo todos os atores da escola.

                Pela experiência que possuo, não na área da BE em que sou novata, mas noutras, são inúmeras as questões a equacionar e elas podem implicar vários domínios. Para além dos já equacionados no texto ao nível da infra-estrutura tecnológica e humana, da complexificação da gestão e competências do professor bibliotecário entre outros, creio que sem que haja uma real “sacudidela” nas mentalidades e atitudes dos profissionais de educação face aos avanços tecnológicos, sem que haja um reconhecimento assumido no domínio das políticas educativas sobre a alteração do paradigma do conhecimento, que já não acontece só dentro da sala de aula, sem o necessário reconhecimento por parte dos órgãos de gestão da escola da importância das alterações de funcionamento que a Biblioteca 2.0 obriga, sem que haja um conjunto de fatores externos à dinâmica da própria BE, o esforço terá de ser redobrado.

                Mas não impossível!

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